OBJETIVO: Demonstrar os efeitos da salinidade no crescimento das plantas, discutir o impacto do potencial osmótico da água na absorção pelas plantas, explorar as regiões do Brasil com solos salinos e analisar as plantas adaptadas a essas condições.
MATERIAIS NECESSÁRIOS PARA EXECUÇÃO DA ATIVIDADE:
3 vasos para jardinagem pequenos;
pratos plásticos;
terra para jardinagem;
nove sementes de feijão;
fita crepe;
um recipiente de 200 ml;
água;
sal de cozinha;
tesoura de ponta ou prego grande.
PROCEDIMENTOS: Para demonstrar os efeitos da salinidade no desenvolvimento das plantas, o experimento deve começar com a preparação dos copos plásticos. O professor deverá fazer pequenos furos no fundo de cada copo, utilizando uma tesoura ou um prego quente, permitindo o escoamento da água durante a rega. Em seguida, os copos (ou vasos) devem ser preenchidos com o mesmo tipo de solo, ocupando mais da metade do volume. Esses recipientes devem ser colocados sobre pratos plásticos, que servirão para coletar a água drenada.
Após isso, três sementes de feijão devem ser plantadas em cada copo, sendo enterradas a cerca de 1 cm de profundidade. A terra deve ser umedecida com água de torneira, sem encharcar. Os vasos devem permanecer em local com luz solar direta, como uma janela, sendo mantidos sempre úmidos, mas sem excesso de água. Após cerca de uma semana, quando as plantas abrirem as duas primeiras folhas, é hora de identificar os vasos com fita crepe, numerando-os da seguinte forma: vaso 1 – será regado com água com sal; vaso 2 – receberá apenas água de torneira; vaso 3 – ficará sem rega.
Para preparar a solução salina, deve-se dissolver uma colher de sopa cheia de sal de cozinha em um copo com 200 mL de água, misturando bem até que o sal esteja completamente dissolvido. Essa solução será usada para regar o vaso 1, apenas umedecendo o solo. A diferença no desenvolvimento das plantas começará a ser perceptível em poucas horas: no vaso 1, as plantas tendem a murchar, mesmo com água, devido ao potencial osmótico gerado pelo sal, que dificulta a absorção de água pelas raízes.
Enquanto isso, o vaso 2 deve continuar sendo regado normalmente com água de torneira, permitindo o crescimento saudável da planta. Já o vaso 3, que não receberá água, apresentará sinais de murcha, queda de folhas e morte da planta ao longo dos dias, devido à ausência de irrigação.
Por fim, os alunos devem comparar os resultados obtidos nos três vasos e discutir as causas das diferenças observadas, compreendendo o impacto da salinidade e da disponibilidade de água no desenvolvimento vegetal.
CONCLUSÃO: No Brasil, a ocorrência de solos salinos é mais comum em áreas costeiras sob influência marinha ou flúvio-marinha, como restingas e manguezais, além de algumas regiões semiáridas do interior, especialmente no bioma Caatinga.
Esses solos se caracterizam por elevadas concentrações de sais solúveis, como cloretos, sulfatos e bicarbonatos de sódio, cálcio e magnésio. Geralmente, apresentam estrutura granular, lençol freático superficial e horizontes salinos abaixo do horizonte A.
Devido às suas condições edafoclimáticas — como elevada salinidade, altas temperaturas e intensa evapotranspiração — esses ambientes são pouco propícios à agricultura convencional. Por isso, salvo exceções, devem ser preservados como áreas de interesse ecológico.
Nas regiões litorâneas, é comum que esses solos sejam utilizados na aquicultura, como a criação de camarões. Nesses sistemas, o manejo hídrico é controlado, com a entrada e saída de água reguladas de acordo com o nível das marés.
Em tais situações, os sais solúveis e o sódio trocável podem se acumular em quantidades que comprometem o crescimento das plantas e alteram negativamente as propriedades do solo. Quando uma solução aquosa com alta concentração de sais entra em contato com células vegetais, ocorre a plasmólise — retração do protoplasma —, que se intensifica com o aumento da salinidade.
Altas concentrações de sais dificultam a absorção de água pelas plantas, pois esta se torna menos disponível, exigindo mais energia para sua absorção e para o controle do excesso de sal nas regiões metabolicamente ativas.
As plantas halófitas, adaptadas a ambientes salinos, conseguem absorver água de substratos salinos desenvolvendo um potencial osmótico inferior ao da solução do solo, o que é possível pela capacidade de acumular sais no suco celular.
A salinidade do solo é expressa pela condutividade elétrica da fase líquida do solo. Quanto maior a concentração de sais, maior a condutividade elétrica. Considera-se salino um solo com condutividade elétrica entre 4 e 7 dS/m a 25 °C. O siemens (S) é a unidade de condutância elétrica no Sistema Internacional de Unidades.
Experimento didático
No copo irrigado com água da torneira, a planta tende a se desenvolver normalmente, desde que não existam fatores limitantes como sementes defeituosas, presença de pragas, doenças ou deficiência de nutrientes. Já no copo regado com solução salina, a planta provavelmente murchará e morrerá em poucas horas devido à toxicidade causada pelo excesso de sódio. Por fim, no copo sem irrigação, a planta morrerá por estresse hídrico, uma vez que depende da água presente no solo para absorver nutrientes e manter seu metabolismo.
Cerca de 2% do território brasileiro apresenta problemas de salinidade, principalmente devido ao acúmulo de sódio. Esses solos dificultam o crescimento das raízes e a absorção de água, causando seca fisiológica e desequilíbrio nutricional.
Os manguezais são ecossistemas de transição entre ambientes terrestres e marinhos, com vegetação adaptada à salinidade e ao alagamento. Possuem solos halomórficos (ricos em sais), mal drenados, com lençol freático superficial.
Neles predominam três espécies arbóreas:
Mangue vermelho (Rhizophora mangle), com raízes-escora.
Mangue branco (Laguncularia racemosa).
Mangue negro ou seriba (Avicennia sp), com pneumatóforos (raízes respiratórias).
Essas plantas possuem lenticelas para troca gasosa e mecanismos fisiológicos que:
Impedem a absorção de sais pelas raízes (caso do mangue vermelho).
Excretam sal por glândulas nas folhas (mangue branco e preto).
Apesar da baixa diversidade de espécies, os manguezais são altamente produtivos e sustentam grandes populações de organismos. O Brasil abriga uma das maiores extensões contínuas de manguezal do mundo, com cerca de 25.000 km², cobrindo quase toda a costa de 7.367 km.
A Caatinga ocupa cerca de 1 milhão de km², aproximadamente 11% do território nacional. Caracteriza-se por clima semiárido, com:
Chuvas escassas e irregulares (250 a 500 mm/ano),
Alta temperatura,
Longos períodos de seca (geralmente superiores a 7 meses).
Apesar de nem todos os solos da Caatinga serem salinos, muitos apresentam salinização devido à evaporação intensa.
Entre os principais tipos de solos salinos classificados pelo Sistema Brasileiro de Classificação de Solos (SiBCS), destacam-se:
Planossolos Nátricos Sálicos
Cambissolos Háplicos Sálicos
Gleissolos Sálicos
Neossolos Flúvicos Sálicos
Vertissolos Hidromórficos Sálicos
Vertissolos Cromados Sálicos
Esses solos contêm altos teores de sais, variando com as estações. Durante o período seco, podem apresentar eflorescência salina, uma cristalização visível de sais na superfície do solo causada pela evaporação e pela ascensão capilar.
EXERCICÍOS:
1. (V/F) A salinidade dos solos no Brasil está restrita às regiões litorâneas com influência marinha.
Gabarito: Falso
A salinidade também ocorre em regiões semiáridas do interior, como na Caatinga.
2. (Múltipla escolha) Qual das alternativas não representa uma adaptação das plantas de mangue à salinidade?
a) Pneumatóforos
b) Excreção de sal por glândulas foliares
c) Absorção ativa de sais pelas raízes
d) Lenticelas para troca gasosa
Gabarito: c) Absorção ativa de sais pelas raízes
Essa é evitada, principalmente pelo mangue vermelho.
3. (V/F) A condutividade elétrica é usada como parâmetro para medir a salinidade do solo.
Gabarito: Verdadeiro
4. (Múltipla escolha) Em relação ao experimento didático, qual das opções representa corretamente o efeito do sal sobre a planta?
a) Estimula a germinação
b) Provoca plasmólise
c) Aumenta a fotossíntese
d) Reduz a absorção de sais pelas raízes
Gabarito: b) Provoca plasmólise
5. (V/F) Os solos da Caatinga apresentam eflorescência salina durante o período chuvoso, devido à lixiviação intensa.
Gabarito: Falso
A eflorescência ocorre no período seco, pela evaporação e ascensão capilar.
6. O que é plasmólise e como ela se relaciona com a salinidade do solo?
Gabarito: A plasmólise é a retração do protoplasma da célula vegetal causada pela perda de água por osmose, devido à alta concentração de sais no meio externo. Em solos salinos, essa condição dificulta a absorção de água pelas raízes e compromete o metabolismo da planta.
7. Cite dois fatores climáticos da Caatinga que favorecem a salinização dos solos.
Gabarito:
Alta evaporação, que concentra os sais na superfície.
Chuvas escassas e irregulares, que não promovem a lixiviação adequada.
8. Quais são as principais características dos solos encontrados em manguezais?
Gabarito: São halomórficos, mal drenados, com lençol freático superficial e alta concentração de sais, adaptados ao alagamento e à salinidade.
9. Por que os solos argilosos tendem a reter mais sais do que os arenosos?
Gabarito: Porque possuem maior capacidade de troca de cátions, devido à sua maior área superficial e quantidade de cargas negativas nas partículas.
10. Qual a importância ecológica dos manguezais mesmo sendo ambientes de baixa diversidade de espécies?
Gabarito: Apesar da baixa diversidade, os manguezais são altamente produtivos e sustentam grandes populações de organismos, sendo essenciais para o equilíbrio ecológico das zonas costeiras.
REFERÊNCIAS: LIMA, Marcelo Ricardo de (ed.). Experimentos na educação em solos. 2020. Disponível em: Experimentos na educação em solos (ufpr.br) Acesso em: 28 set. 2024.